
Não sou religioso!
Mas por vezes gostaria que as palavras de Jesus ou Buda sobre a atenção que se deve ter para com o próximo fossem seguidas por todos.
Tenho um pensamento mais à "esquerda", apesar de acreditar que idealmente o anarquismo seja o melhor caminho (mas sei que é utópico).
Sinto-me triste quando vejo que jovens crescem com um pensamento e uma prática egoísta e egocêntrica, pois apesar de ser relativamente natural (até para que tenhamos vencido a "seleção natural") é uma demonstração de que a educação (especialmente a informal) está falhando clamorosamente!
Abaixo faço um "Ctr C + Ctr V + Ctr X" de um texto do João Pereira Coutinho (colunista da Folha de São Paulo). Evidentemente não concordo com tudo (especialmente no que se refere às questões econômicas) mas concordo com os aspectos relativos à ética e à educação:
"Você, leitor, é pessoa honesta (...). Mas quando olha em volta, o cenário é selvagem. (...) dissimulação, mentira, corrupção (...) que permite a muitos deles [os "maus"] terem o carro, a casa, as férias, a vida que você nunca terá.
Para piorar as coisas, eles jamais serão punidos por suas viciosas condutas. A pergunta é inevitável: será que eu devo ser virtuoso? Será que eu devo educar os meus filhos para serem virtuosos?
(...)
Os gregos, que Ioschpe cita (e, de certa forma, rejeita), diziam que a prossecução do bem é condição necessária para uma vida feliz. Mas o que dizer de todas as criaturas que, praticando o mal, o fizeram de cabeça limpa por terem falsificado a sua própria consciência?Apesar de tudo, Gustavo Ioschpe tenciona educar os filhos virtuosamente. Não por motivos religiosos, muito menos por temer as leis da sociedade. Mas porque assim dita a sua consciência. Um dia, quem sabe, talvez o Brasil acabe premiando essas virtudes.
A resposta é boa por seu otimismo melancólico. (...)
Quando falamos de vidas éticas, falamos de duas dimensões distintas: uma dimensão pública, outra privada.
Quando falamos de vidas éticas, falamos de duas dimensões distintas: uma dimensão pública, outra privada.
(...) Na esfera pública, eu gostaria que os homens fossem anjos; mas, conhecendo bem a espécie, talvez o mínimo a exigir é que eles sejam punidos quando se revelam diabos.
Se preferirmos, não são os homens públicos que têm de ser virtuosos; são as leis que devem ser implacáveis quando os homens públicos são viciosos.
Isso significa que a principal exigência ética na esfera pública não deve ser dirigida ao caráter dos homens --mas, antes, ao caráter das leis e à eficácia com que elas são aplicadas.(...)
Eis a primeira resposta para a pergunta fundamental de Gustavo Ioschpe: devemos educar os nossos filhos para a virtude? Afirmativo. Ninguém deseja para os filhos a punição exemplar das leis. E, como alguém dizia, é do temor das leis que nasce a conduta justa dos homens. Desde que, obviamente, as leis inspirem esse temor.
E em privado? Devemos ser virtuosos quando nem todos seguem a mesma cartilha e até parecem lucrar com isso?
Também aqui, novo conselho: não é boa ideia jogar fora os gregos. Sobretudo Aristóteles, que tinha sobre a matéria uma posição sofisticada e, opinião pessoal, amplamente comprovada.
Fato: não há uma relação imediata entre virtude e felicidade. Mas Aristóteles gostava pouco de resultados imediatos. O que conta na vida não são as vantagens que conseguimos no curto prazo. É, antes, o tipo de caráter que "floresce" (uma palavra cara a Aristóteles) no curso de uma vida.
E, para que esse caráter "floresça", as virtudes são como músculos que praticamos e desenvolvemos até ao ponto em que a "felicidade", na falta de melhor termo, se torna uma segunda natureza.
Caráter é destino, diria Aristóteles. O que permite concluir, inversamente, que a falta de caráter tende a conduzir a um triste destino. Exceções, sempre haverá. Mas, aqui entre nós, confesso que ainda não conheci nenhuma. Não conheço maus-caracteres que tiveram grandes destinos.
Sim, leitor, não é fácil olhar em volta e ver como a mesquinhez alheia triunfa e passa impune. Mas não confunda o transitório com o essencial.
E, sobretudo, nunca subestime a capacidade dos homens sem caráter para arruinarem suas próprias vidas.
Educar os filhos para serem "homens de bem" é também ajudá-los a evitar essa ruína."
Hoje a minha melancolia ficou maior e, foi uma boa coincidência ter lido esse texto.
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