12 de mai. de 2016

Revista libertários Nº 1 (parte 1)


Já há muito tempo estou devendo, pra mim mesmo, uma postagem com recortes e comentários a respeito da revista Libertários (de 2002).

Pra começar, copio algumas passagens do texto "A anarquia: um ideal de sociedade", de Luc Spirlet, a respeito da importância dos ideais.
"Infelizmente, ninguém explica para que serve um ideal. Para que, com efeito, visto que não se o alcançará nunca ou raramente? Os que pensam isso na realidade, estão diante da principal qualidade de um ideal. Quanto mais inacessível, mais ele é interessante para a sobrevivência de um grupo e mais chance ele tem de corresponder a uma unidade de objetivo
... [O ideal é] uma tensão entre a realidade e o que deveria ser. É graças a essa tensão que encontramos heróis, pessoas fora do comum. (...) Na confusão do mundo atual elas olham para o ideal e servem-se dele como ponto de referência. O homem que perde seus sonhos é um  homem morto. (...)"

O texto seguinte, escrito por Xavier (sem outra identificação, a não ser a origem do texto - Bruxelas). "O Anarquismo: Uma ideologia ou uma metodologia?", ataca o que se entende por ideologia (sistema de ideias e valores usado como ferramenta de luta política e não como o objetivo retratado no parágrafo anterior), dizendo que, "a ideologia é simplesmente 'a forma fria e desapegada da justificação'", contrapondo-a ao anarquismo que "não pode ser definido como uma doutrina social que supõe apresentar a solução a todos os problemas da sociedade, o que o afasta de uma definição ideológica".
O trecho seguinte até pode ser usado para explicar o que aconteceu com o governo do PT aqui no Brasil (escrevo no mesmo dia em que a Dilma foi afastada da presidência, pelo senado).
"Ideologias diferentes, e até mesmo opostas, conseguem amiúde fazer aliança num combate político particular pelo controle do poder (exemplo evidente: as eleições), em contrapartida, divergências metodológicas são de natureza inconciliáveis (...)".
O aspecto principal do anarquismo, a meu ver, é apresentado nesse texto. Os movimentos anarquistas, até onde sei, recusam-se em aceitar meios que não sejam o próprio fim (a finalidade, o ideal), ou seja, a metodologia para se alcançar o anarquismo precisa ser o anarquismo, já que "meios em contradição com o fim conduzem inevitavelmente a um resultado oposto aos objetivos perseguidos".


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