7 de fev. de 2013

Barack Obama e o preconceito.



Penso que o preconceito tem diferentes matizes e que depende muito da intenção de agente, e que seus efeitos dependem igualmente da sensibilidade de quem sofre a ação.
Nunca tive dúvida de que quanto mais forte for o indivíduo, menor o efeito de ações externas sobre ele. (Tem um ditado que gosto muito: "A vida é uma pedra de amolar, que vos desgasta ou vos afia, conforme o metal de que sois feito").

Li uma matéria muito bacana na "Seleções do Reader's Digest" de dezembro (2012), "Educando Obama", que aborda parte da infância de Barack Obama e a forma como foi ensinado para encarar o mundo. A história fez com que me sentisse bem por existir pessoas capazes de agir como a mãe do Obama (e evidentemente como ele também), contando um episódio ocorrido em Jacarta (Indonésia), próximo à casa de uma família a quem foram visitar, quando ele tinha 9 anos.
                  " Mais tarde, o grupo saiu para um passeio, com Barry [apelido de Obama] correndo à frente. Um bando de crianças indonésias começou a jogar pedras na direção dele, berrando insultos racistas. Barry pareceu não ligar, desviando-se das pedras como se jogasse queimado. De acordo com outra convidada, Elizabeth Bryant, a mãe dele não esboçou reação. Supondo que Ann [a mãe de Obama] poderia não ter entendido as palavras, Elizabeth se ofereceu para intervir.
                   'Não precisa, ele está bem', disse Ann. 'Está acostumado'.
                   (...)
                   Ao mesmo tempo Elizabeth admirou Ann por ensinar o filho a ser destemido. Para se autopreservarem, é assim que as crianças têm de ser criadas na Indonésia. (...)
                  Os javaneses [Java é uma ilha que compõe a Indonésia] dão enorme ênfase ao autocontrole, a não trair as emoções. O autocontrole é inculcado nas escolas por meio de uma cultura de implicância. (...) Quando se incomoda com a implicância, a criança é ainda mais importunada. Quando a ignora, ela cessa. (...)

É evidente que não chego nem perto de aprovar o "Bulling", mas o autocontrole é muito importante...



Não é mau.


3 comentários:

  1. Obama foi e é um grande homem, sem dúvidas

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  2. Suponha que você seja afro-americano e possua todas as características físicas de tal etnia, e possa escolher em qual país nascer\viver, porém a época seja pré-determinada (década de 40), você optaria pelo Brasil ou EUA? (O Dilema de Einstein huahua)

    Aproveitando o tema, você acredita que os motivos da aparente discrepância entre o comportamento e consistência dos movimentos da comunidade negra brasileira em comparação com a norte-americana ,pode ter suas origens na diferença econômica, social e política do período colonial entre os dois países? (Se é que essas diferenças realmente existem)

    Só para ressaltar, já notei que alguns autores que discorrem sobre o tema racismo, sempre enfatizam a diferença do tratamento com as populações negras entre os dois países no período colonial, onde no Brasil eles buscavam descaradamente apenas escravos do sexo masculino, e não desejavam a reprodução destes em solos tupiniquins (apesar de acontecer), e já nossos amigos ianques não “importaram” tanta mão de obra escrava (acho que 2 milhões contra cerca de 8 milhões do Brasil) e também permitiam\estimulavam que as próximas gerações de mão de obra escrava fossem geradas em seu próprio território. Até onde isso influenciaria o comportamento de tal etnia em nosso território e será que essa influencia poderia ter se arrastado por séculos e ter consequências relevantes até os nossos dias?

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    Respostas
    1. 1ª Resposta difícil... Deveríamos primeiro discutir o "afro-americano", mas vamos lá. É importante pensarmos que os EUA, assim como o Brasil mereceriam o nome de continente. As diferenças regionais são muito grandes, então acho que deveríamos limitar mais o espaço. De qualquer forma a discriminação no Brasil sempre foi mais velada, o que pode tornar mais difícil a conscientização a reseito dos problemas... Então, para viver, sem precisar lutar, preferia o Brasil. Nos dias de hoje as coisas estão relativamente mais niveladas...
      2ª - (respondi a 1ª sem ler a 2ª). Acho que a discriminação mais velada levou à uma acomodação maior (não que isso seja, necessáriamente pior (ou melhor), pois provoca menos conflitos armados). Além disso a sociedade brasileira é paternalista (desde os "coronéis", até a maior parte dos políticos atuais), então os grupos tratados como minorias, tendem a esperar a solução do poder público.
      3ª - Não consigo responder essa pergunta de maneira específica (até por carecer de informações masi contundentes a respeito das afirmações) (acredito que aqui, novamente há diferenças regionais importantes). O máximo que consigo é pensar nas relações entre os senhores e as mucamas (justamente por isso, por vezes, a escravidão no Brasil é vista como "mais humana" - principalmente em Pernambuco), outra situação que pode ter relação com a pergunta anterior é que no Brasil (não sei como isso se deu nos EUA), o africanos foram intencionalmente segregados de seus pares e obrigados a viver com outros africanos, de regioões muito distintas, com uma religiosidade e líguas muito diferentes.

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