Em 10:55
"O curioso é que é uma miséria que foi se ampliando à medida e, ao mesmo tempo, em que as pessoas são convertidas em consumidoras ou vão desejando coisas que não desejavam antes."
Continua o deputado Wyllys, exemplificando sua participação em festas do candomblé, durante a infância (contra a vontade de sua mãe, que era católica), pois ali havia o "ajeum" (o momento do banquete, em que a comida, na festa para um orixá é servida aos presentes), para abordar o papel de apoio mútuo dentro de uma coletividade, que passa a ter uma postura cada vez mais individualista à medida em que o desejo pela posse de bens materiais aumenta.
Em 11:55
"(...) Tinha essa coisa da vizinhança, das relações vicinais, da troca de coisas, né, não tem café, eu tenho açúcar, então eu troco aqui com você, me dá isso... algo que os economistas não medem, uma solução de enfrentamento da pobreza que os economistas não levam em conta que está se perdendo. Essas relações vicinais, elas vem se perdendo, se deteriorando à medida em que as pessoas vão sendo convertidas, tão somente, em consumidoras de bens que elas não precisam necessariamente para viver, a vida delas poderia continuar sem desejar o tênis Nike, (...) essa injustiça [social] foi se ampliando à medida em que, aparentemente, as pessoas iam se incluindo no mercado consumidor."
https://www.youtube.com/watch?v=xq6_Dz6y_p8
Particularmente, vejo que o sistema econômico que a sociedade incorporou é de fato o destruidor dessa própria sociedade. Compramos coisas que não precisamos; analisamos uma pessoa a partir das coisas que ela demonstra ter; planejamos nossas conquistas baseados naquilo que queremos ter. Há alguns anos comecei um processo de desapego. Hoje, esse caminho não tem volta... ...e mesmo que tivesse, eu não voltaria. Belíssima entrevista conduzida pelo Dr. Dráuzio.
ResponderExcluirMuito lindo ser contra o consumismo quando se recebe uma salário absurdo de um deputado federal!
ResponderExcluirBom, sinceramente eu não sei o que uma coisa tem a ver com a outra... Mas... A renda, a princípio, não tem relação com consumismo. Hipoteticamente é possível que alguém ganhe muito e consuma moderadamente (acho que um bom exemplo é Warren Buffett, um dos maiores investidores do mundo capitalista). Outra coisa, que independe da renda do indivíduo, é perceber que a pobreza (não miséria) é sentida pela incapacidade de consumir, logo quanto maiores forem os desejos de consumo, maiores serão as frustrações. A percepção disso não depende da incapacidade de consumir, mas da observação de como as relações sociais se dão.
ExcluirTalvez até, a obrigação maior de prestar atenção no consumismo seja a de quem tem capacidade de consumir. Se alguém que usa tênis velho (ou chinelo de dedo) faz esse discurso, pode ser criticado como despeitado (ou invejoso), então a pergunta é, quem a teu ver, Kaiser, está habilitado a criticar o consumismo?